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Durante o mês de setembro, o Comitê de Direitos Humanos e os psicólogos do IFSC promovem a campanha “Precisamos falar de saúde mental” que irá pautar o tema nos canais institucionais. A cada semana, serão realizadas lives e posts sobre a importância da saúde mental entendida enquanto um bem-estar no qual o indivíduo desenvolve suas habilidades pessoais, consegue lidar com os estresses da vida, trabalha de forma produtiva e encontra-se apto a dar a sua contribuição para a comunidade, como define a Organização Mundial da Saúde (OMS). Ao longo do mês, a campanha irá promover posts com estratégias para promoção da saúde mental e para orientar o que fazer e quem procurar em caso de sofrimento psíquico.

Segundo dados da OMS, o Brasil é o país que registra a maior taxa de pessoas com transtornos ansiosos no mundo e ocupa o quinto lugar mundial em casos de depressão. “A saúde mental envolve uma flexibilidade cognitiva e emocional para lidar com as situações difíceis do cotidiano, a gente precisa ter recursos internos para avaliar as situações, identificar os nossos pensamentos e emoções para conseguirmos reagir aquele contexto de uma forma funcional e saudável. Se a gente considerar a pandemia e suas consequências, a tendência é que esses casos de sofrimento psíquico aumentem. Os nossos padrões de comportamento foram alterados com o distanciamento social. Nessa lógica que nós precisamos adotar para preservar a nossa saúde, estamos vivendo em um contexto de extrema vulnerabilidade psicossocial. O sofrimento psíquico afeta as relações, a qualidade de vida, as atividades diárias, a saúde física e não podemos ser negligentes com a gente mesmo”, avalia a psicóloga da reitoria do IFSC Milena Garcia da Silva.

Há alguns sinais de alerta que devem ser levados em consideração quando se fala em saúde mental.
“Se a gente não estiver conseguindo se desligar, se os pensamentos estiverem acelerados apresentando conteúdos catastróficos, se o sono estiver desregulado, se não tiver disposição, tiver apatia, não conseguir mais fazer as coisas, comportamento irritadiço, o humor estiver oscilando, eu preciso parar e avaliar o que eu estou fazendo para me cuidar. Eu estou me alimentando direito? Estou praticando atividade física? Respeitando os meus horários de descanso e de sono? Caso haja dificuldade para se reorganizar, para estruturar a rotina, para inserir as atividades saudáveis e perceber que há um prejuízo social nas relações, que eu não estou conseguindo mais produzir, meu desempenho teve uma queda e não consigo mais focar a minha atenção, que a cognição está comprometida e que eu esteja com uma estafa mental, eu preciso procurar um profissional capacitado para me auxiliar a reestruturar e esses profissionais são os psicólogos e psiquiatras.”

Saúde mental no ambiente escolar

Falar sobre saúde mental dentro do espaço escolar é pensar no papel que a escola tem em todo esse processo e de como o acolhimento e a escuta ativa fazem diferença nesse processo. “A gente precisa pensar em como transformar a escola enquanto um espaço promotor de saúde mental. Precisamos falar sobre isso e pensar no impacto que a escola pode ter na vida das pessoas que fazem parte dela. Nós precisamos formar para além do conteúdo técnico, para além de matérias curriculares, a gente precisa formar cidadãos. Se há um lugar em que a gente possa falar de si de uma forma mais completa, que esse espaço seja o da escola e que consigamos trazer essas discussões que não costumam ser feitas em outros espaços. Nós somos indivíduos complexos e que trazemos para espaço escolar aquilo que somos fora dele como também levamos nossas experiências na escola para outras esferas da vida. Quando pensamos nos estudantes adolescentes a escola tem uma posição central porque é o espaço de aprendizagem, mas também de socialização, enquanto eles estão aprendendo a existir. Para os estudantes que já estão inseridos no mundo do trabalho essa discussão também é muito importante porque não há outros espaços para falar sobre o tema”, avalia a psicóloga do câmpus Criciúma Andressa Fontoura Maria.

Para o psicólogo do câmpus Chapecó Alan Panizzi, é preciso fazer com que a escola se transforme em um espaço de escuta sensível. “Quando um aluno está frágil, inseguro e machucado e tem alguém que consegue ouvi-lo, isso pode fazer a diferença para que ele não abandone a escola. Isso envolve caminhar junto com esse estudante para poder identificar pontos de força e de potência que podem ser resgatados. É difícil dar uma receita de bolo, porque o que fragiliza ou que fortalece uma pessoa é singular. Comer de maneira saudável e praticar esportes faz bem, mas isso tem um significado bastante singular para cada um de nós, o que é comer bem ou comer mal, que movimentos corporais fazem mais sentido para mim? O processo de fortalecimento tem a ver com a nossa história.”

Ele avalia que falar de saúde mental em um primeiro momento é falar de sensibilidades, é falar de enxergar este estudante enquanto uma pessoa e que nesse processo a escola pode ser tanto o espaço onde se constrói ou se fragiliza o senso de identidade. “Muitos estudantes chegam ao IFSC em um momento muito delicado da vida deles que é o da adolescência. Momento em que eles estão começando a construir uma imagem de si próprios, diferentes da imagem que eles tinham enquanto crianças. É o momento em que eles estão encontrando pares e pessoas que dão para eles um senso de identidade, um senso de quem eles querem ser e de quem eles são. A escola se torna parte deste processo. É na escola, por exemplo, que eles acabam entrando em contato com disciplinas que eles têm facilidade e com aquelas que eles têm dificuldade. Às vezes os estudantes tomam uma dificuldade enquanto uma limitação de si. O que mostra que o caminho do estudante na escola pode ser de muitas conquistas e de muita beleza, mas pode ser também um caminho sofrimento, de choro, reprovação ou que ele se sinta incapaz. A escola é o lugar onde a gente encontra amigos e onde encontramos pessoas que olham para nós com indiferença ou até com aversão. É o lugar em que aquilo que falaram para nós que a gente era é colocado à prova pelo olhar do professor e dos colegas.”

Alan cita como exemplo o processo de avaliação dos estudantes. “Nos processos corriqueiros da escola, como a avaliação, entram em jogo também questões da subjetividade, questões que não são compreensíveis apenas por uma racionalidade. Às vezes a gente está em um processo de avaliação e é tomado por um processo de insegurança, de angústia, próprio da avaliação, muito mais em um momento como o que estamos vivendo. A gente fica tenso e começa a entrar num movimento que é defensivo. Acontece com todos nós.”

O psicólogo lembra que durante a pandemia esses processos podem ficar ainda mais intensos. “Os estudantes tiveram mudanças muito significativas na vida, muitos estudantes passaram a ter a casa como o acesso à escola e a casa é um lugar que tem muitos significados. Para uns a casa é um lugar tranquilo, eu tenho um quarto confortável com cama, videogame e computador. Para outros, a casa é um lugar de tensão, é um lugar em que eu tenho uma convivência mais forçada com membros da minha família. Como lidar com essa casa que não é um lar ou um refúgio? Nesses casos, pensar a saúde mental talvez seja criar um espaço onde se possa ouvir os estudantes como pessoas, como pessoas singulares. Se colocar ao lado deste estudante numa condição não julgadora para primeiro fortalecê-los com a experiência de que há alguém do lado deles que está os ouvindo e auxiliando e dar um direcionamento para a dificuldade que surge.”

Live sobre saúde mental

A primeira live da campanha será no dia 15 de setembro, às 18h, e será transmitida pelo canal do IFSC no Youtube. Para falar sobre saúde mental pensando na perspectiva dos estudantes e dos servidores do IFSC, foram convidadas as psicólogas Marta Elisa Bringhenti, do câmpus Chapecó, Letícia Cruz Wiggers, psicóloga da Diretoria de Gestão de Pessoas do IFSC, e os psicólogos Afonso Vieira, do câmpus Jaraguá do Sul – RAU, e Alan Panizzi, do câmpus Chapecó. Caso estudantes, servidores ou membros da comunidade externa queiram enviar sugestões de temas para serem abordados pelos psicólogos durante a live é só preencher este formulário.

Live “Em caso de sofrimento psíquico, o que fazer e quem procurar”

No dia 27 de setembro, às 19h, será promovida a live “Em caso de sofrimento psíquico, o que fazer e quem procurar” com os psicólogos Diogo Boccardi, que é mestre em Saúde Mental e Atenção Psicossocial pela UFSC e foi coordenador do CAPS da Ponta do Coral em Florianópolis, e o psicólogo Hubert Beck, da secretaria municipal de saúde de São José e é o idealizador do AmbulaTrans de São José. A live será transmitida pelo canal do IFSC no Youtube.

Por Beatrice Gonçalves | Jornalista do IFSC

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